Homicídio choca Quinta Grande

Uma mulher de 39 anos foi assassinada ontem de madrugada. Foi encontrada morta no quintal da sua casa, no sítio do Aviceiro, Quinta Grande, concelho de Câmara de Lobos, com 12 golpes provocados por um machado. O homicídio, que está a chocar a freguesia, tem como principal suspeito um vizinho: um homem de 47 anos, motorista que, ontem, até ao final do dia, estava dado como desaparecido.

Ricardo Silva, coordenador do Departamento de Investigação da Polícia Judiciária (PJ) do Funchal não adianta mais do que a simples confirmação "de que há de facto suspeitas da prática de um homicídio que vitimou uma senhora no concelho de Câmara de Lobos". Crime esse que está sob investigação e em segredo de justiça.

A reportagem do DIÁRIO apurou junto da população que a vítima, Fernanda Ferraz de Freitas (viúva e mãe de um rapaz de 19 anos e de uma rapariga de 21) foi encontrada morta à porta de casa em roupa interior, pelo filho já durante a madrugada, quando este regressava do trabalho (funcionário numa discoteca).

A vítima esvaia-se em sangue e apresentava vários golpes pelo corpo, provocados por um machado, e praticamente sem sinais vitais de vida. Quando os Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos chegaram àquela moradia, no Caminho do Aviceiro, com uma equipa de socorro, já nada havia a fazer.

O corpo ficou à guarda da PSP até que o óbito fosse confirmado, já sobre a manhã, por um delegado de saúde médica. O cadáver aguardou que os inspectores da Judiciária recolhessem vestígios e pistas para a investigação deste crime bárbaro para depois o Ministério Público ordenar a remoção para o Instituto de Medicina Legal.

Crime premeditado?

De acordo com fonte popular, a Polícia recolheu um extracto da conta da luz, manuscrito, que foi deixado junto ao corpo da vítima, o que, poderá evidenciar alguma premeditação do crime.

Aquele 'bilhete' continha uma mensagem cujo autor se presume ser o autor do homicídio, que terminava lançando o repto às autoridades: 'agora procurem-me'.
Mas nada fazia prever um desfecho destes. As pessoas que privaram com o suspeito estão chocadas. Descrevem-no como uma pessoa equilibrada, relativamente calma.

Porém, todos reconhecem as quezílias familiares e os conflitos extraconjugais que têm estigmatizado a vida dos dois vizinhos. Recordam, entre outros, o trágico desfecho que assombrou a localidade: o suicídio por enforcamento do marido da vítima.

Sabe-se que o suspeito foragido foi detido pela PSP há cerca de dois anos por ter efectuado disparos com uma arma de fogo na via pública, na zona do 'Dolce Vita'.

Em causa poderá estar o pagamento de uma dívida

A população teme que o homicídio encontre pretexto numa dívida antiga. Alega que o homem terá feito um generoso empréstimo em dinheiro à vizinha e que agora estaria disposto a cobrar a qualquer preço.

Ontem, o paradeiro do suspeito era uma incógnita. A Polícia esteve ao longo do dia a realizar buscas na residência do alegado homicida, na casa dos seus familiares e ao longo do Caminho do Aviceiro, onde ambos (vítima e agressor) residiam, e da Estrada Padre António Silvino de Andrade (Quinta Grande), que dá acesso ao miradouro do Cabo Girão.

O crime aconteceu quando ninguém se encontrava em casa (a filha da vítima tinha saído para a noite e não havia regressado e o filho estava a trabalhar na discoteca). O suspeito ter-se-à colocado em fuga do local a pé ou usando um meio que não os seus próprios carros, que se mantêm na garagem.
Alguns populares comentam que ao ter assinado um acto tão bárbaro, o homem não teria pejo em pôr termo à vida.

dn