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Post by ritandrade Wed Jun 09, 2010 6:06 pm

Na verdade não interessa como o dizes, mas como o sentes.

A nossa época não é a época do " amo-te ". Pelo contrário, há um medo enorme de se dizer estas palavrinhas, como se quem as pronunciasse ficasse automaticamente infectado pela lepra. Dizer " amo-te ", hoje em dia, parece soar a " sou um bimbo " aos ouvidos da maioria das pessoas. É aceitável dizer " adoro-te ", " gosto muito de ti ", " és tudo para mim ", mas ai daquele que se lembrar de dizer que ama!
Escondemos o amor por detrás de expressões light, como tudo o que se refere à nossa época. Era da fast food, do home cinema, do " curto bué de ti ". Aos poucos, vamos banalizando os aspectos da nossa vida, queremos tudo instantâneo e simples e, pelo caminho, a essência das coisas vai-se perdendo.
Dizer " amo-te " vem acompanhado de uma série de rituais. Primeiro pensamos nisso, depois respiramos fundo 30 vezes antes de o dizer. Como se, uma vez dito, nada voltasse a ser o mesmo. Existe toda aquela questão do " quem diz primeiro ", e do " se eu disser « amo-te » será que ele mo diz de volta? ", dúvidas existenciais que levam a que grande parte das pessoas da minha geração pura e simplesmente deixe de lado uma das expressões mais bonitas e populares de sempre. E se nos filmes o " I love you " vem sempre na altura certa, com olhos meiguinhos nos olhos fofinhos, musiquinha a combinar, um ambiente perfeito, um desabafo que se antecipa ao beijo, já na vida real dizer " amo-te " não passa por tanto. E aquilo que passamos semanas a remoer sai assim, como " quero um copo de água se faz favor ", um sorrisinho, um beijinho meio desajeitado, a cabeça a 200km/h " então mas ele não diz nada?! AI VOU MORRER! ", ele lá se decide a retribuir o cumprimento, não sabes se porque o sente se é só por delicadeza, mas ao menos respondeu e já não tens de ficar ali especada com cara de parva. Ou então ele não diz nada, ris-te, e vais para casa bater com a cabeça na parede até conseguires ficar amnésica e esquecer o episódio. Mas como toda a regra tem a sua excepção, existem também aqueles para quem " amo-te " não passa de palavras, usadas estrategicamente ou não, mas sem riscos alguns. Dizer que se ama alguém quando, na verdade, não o sentimos, é tão fácil como fazer o 4 (se bem que o álcool, neste caso, ajuda em vez de dificultar).
Acima de tudo, diria eu armada em psicóloga, existe, na nossa época, um medo imenso da entrega. Não nos queremos magoar e se não dissermos o que sentimos então talvez não seja verdade. Se eu te adorar e tudo acabar, eu recupero. Se eu gostar muito de ti e me deres com os pés, não vou fazer um drama. Mas se te amar e, de repente, te esqueceres de mim, o meu mundo vai cair aos bocados! E tu vais saber disso, que é o pior de tudo !
Há um medo enorme do ridículo, isto é, de ser largada a sofrer. Como se sofrer por amor fosse assumir algum defeito ou fraqueza. Somos HUMANAS, é normal que soframos de vez em quando. Isso não nos torna mais fracas, mas, pelo contrário, mais fortes. Dizer " amo-te " não é ridículo. Ridículo, e triste, é ter medo de o dizer e perder, assim, a oportunidade de o fazer. Não há nada pior que o " tarde demais ".

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