DJ Harvey: entre os discos, este homem é uma lenda

É o nome que os DJ mais conceituados gostam de citar na lista dos que valem a pena seguir. Está esta noite no Lux, quebrando um longo interregno de actuações fora dos EUA.


De DJ Harvey espera-se tudo: disco, house, rock ou música do Bali.

DJ Harvey, nascido Harvey Bassett em Cambridge, Grã-Bretanha, começou por ser baterista de uma banda punk, os Ersatz, quando tinha 13 anos. John Peel tocava os seus discos. Depois converteu--se ao hip hop, tornou-se DJ e ao longo dos anos construiu uma reputação incólume com noites lendárias nos clubes mais importantes do mundo. As razões que fazem de DJ Harvey uma figura de culto são no entanto mais complexas.

Depois de anos no circuito internacional de DJ com sucesso indesmentível, nos últimos anos tem vivido mais ou menos recluso entre Califórnia, Havai e Nova Iorque, entregue ao surf e à música, a fazer festas pequenas que rapidamente se tornam míticas (sobretudo junto de quem não as frequenta). Além de DJ, continua a ter uma banda rock (Map of Africa) e afirma: "Ambas as coisas permitem que me expresse musicalmente de formas diferentes. Ambas continuam muito importantes para mim à sua maneira." Talvez pelo mistério que o exílio americano representou, e porque a internet favorece todos os cultos, DJ Harvey tornou-se alvo de adulação em toda a parte, especialmente no Japão onde confessa ter feito crowd surfing num clube em Junho passado, feito, se não inédito, pelo menos raro entre os DJ. Sente-se uma figura de culto? "Não me considero líder de nenhum culto. Para ser um estereótipo de líder de culto teria de ser alguém como o Jim Jones [líder da seita Peoples Temple, em 1978 foi responsável por um suicídio colectivo no Guiana]" É verdade que não terá poder para tirar vidas mas tem verdadeiro toque de Midas. Tudo o que toca transforma-se em ouro. Pelo menos no eBay: "Não presto muita atenção mas diverte-me bastante", diz Harvey sobre a especulação financeira em redor do que faz e toca e que, em grande parte, é alimentada pela legião de devotos japoneses. "Não tenho nenhum plano mestre para a minha carreira. Apenas faço o que gosto", diz.

Entre o que gosta, além da música, está o surf, que considera "uma forma de meditação". A Califórnia e o Havai, onde tem vivido, permitem-lhe esse prazer mas admite: "Há muitos outros sítios no mundo onde tenho a sorte de poder surfar. Portugal foi um dos meus primeiros surf spots e estou ansioso por entrar no mar aí outra vez." Na verdade, DJ Harvey foi presença mais ou menos regular nos clubes portugueses nos anos 90, criou amizades cá e pelos vistos tem boa memória das ondas. É natural por isso que se sinta em casa e que a noite de hoje no Lux cumpra as expectativas de quem espera há anos para confirmar se o homem é de facto a lenda que se diz. Acreditamos que sim.

Fonte: i online