Mantorras - uma triste despedida
Mantorras - uma triste despedida
Talvez nunca tenha chegado a valer os milhões todos que saíram da boca de Vieira há uns largos anos, quando ambos tinham ido de Alverca para a Luz. Mas foi, durante algum tempo, a esperança no futebol-explosão, a reificação semanal do jogo puro, ao mesmo tempo inocente e implacável para os adversários.
Era fácil prever um grande futuro a Mantorras, mas os joelhos não deixaram. Entrou fulgurante no Benfica, com 13 golos em 30 jogos de campeonato. Depois vieram as lesões sucessivas, os tratamentos falhados, os planos de recuperação infrutíferos.
Já vivia o angolano nesse calvário quando, em 2005, ajudou o Benfica de Trapattoni a ser campeão ao fim de dez anos de jejum. Apenas quinze presenças, muitas delas nos últimos minutos, e cinco golos que foram ouro para aquela equipa operária que se foi construindo como candidata jornada após jornada – não, como o Benfica de Jesus, construída de raiz para sê-lo.
E aqui está toda a diferença. Após mais três épocas de muito mais baixos que altos, foi ficando claro para todos – e antes de todos para Jesus – que Mantorras falhara como jogador de futebol e não podia integrar um grupo de ambições e objectivos bem definidos.
O internacional angolano não terá percebido as coisas assim. Umas vezes pareceu resignado, outras zangado. Ora, zangado seria a última coisa que Mantorras poderia estar com o Benfica, Luís Filipe Vieira sempre disse vê-lo como um filho e tratou-o de acordo com o que dizia, oferecendo-lhe um emprego bem pago quando ele, objectivamente, já não podia desempenhar a função ao mais alto nível.
Rezam as crónicas que Mantorras, ao não ser convocado para a festa do título, comprou um bilhete de avião e seguiu para Angola, onde se mantém alegadamente incontactável.
Não causam surpresa as notícias de que chegou ao fim da linha no Benfica. Fala-se de uma homenagem, mas com comportamentos deste tipo talvez o público benfiquista, que ele tanto conseguia empolgar bastando para isso saltar do banco para o aquecimento, esqueça a simbiose que tinha com ele. E o deixe, a ele, como uma página esquecida da história do clube, coisa que, contas feitas, o próprio Mantorras não merece.
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