Jovem de 17 anos morreu afogado no Douro

Aos gritos de socorro, dizem os amigos, ninguém ligou. Pensaram tratar-se de uma brincadeira. Mas não. A aflição era bem real e redundou em tragédia: um jovem de 17 anos morreu afogado no Douro, em Sande, Marco de Canaveses. Não sabia nadar.

Afonso Luís Rangel Montenegro, que passava a tarde na companhia de amigos, estava numa zona a que os locais chamam de praia do Vimieiro, mas que de praia nada tem. Aliás, o concelho do Marco de Canaveses, apesar de se localizar entre os rios Tâmega e Douro, não tem uma única praia fluvial licenciada, logo, não existe vigilância nas improvisadas e alegadas zonas balneares que se multiplicam nos rios. Questões ambientais de falta de qualidade da água e do domínio hídrico ajudam a explicar essa realidade.

À falta de melhor, no caso de Sande, a população usa o local de Vimieiro para se refrescar nos dias quentes de Verão. Foi o que aconteceu com o quarteto de rapazes. Seriam umas três da tarde quando o grupo mergulhou nas águas turvas do rio Douro, usando como prancha um amontoado de pedras apelidado pela população de pesqueiro.

Amigos tentaram ajudar

Quando Afonso começou a sentir-se atrapalhado na água, os amigos ainda tentaram ajudá-lo e gritaram por ajuda. Quem estava nas redondezas - há um bar ali perto - não ligou, recriminam os jovens. "Julgavam que era brincadeira, é isto que me revolta", disse, ao JN, Bruno, um dos amigos de Afonso, de lágrimas nos olhos.

Os rapazes explicaram que o amigo "desapareceu por duas vezes da água". "Numa das ocasiões ainda tentámos arrastá-lo para a margem, mas não conseguimos", acrescentaram, ainda abalados pelo sucedido.

Quatro horas depois do incidente, mergulhadores dos Sapadores do Porto encontraram o corpo do rapaz, submerso junto ao pesqueiro. No local, onde também estiveram os Bombeiros do Marco, corriam duas versões para o afogamento: além de não saber nadar, Afonso terá batido com a cabeça nas pedras; ou que, minutos antes da tragédia, Afonso terá bebido e comido no bar.

jn