Pois, todos os dias.

Todos os dias percorria um caminho longo e cansativo para ir para a praia, todos os dias o fazia e sim ficava mesmo cansada. Quando via a imensidão daquela praia a única coisa que me apetecia era mesmo deitar-me numa toalha e dormir mas, com todo esse cansado existiam dias em que só o mar me descansava. E então caminhava eu mais um pouco até junto do mar, sentava-me na já conhecida rocha e olhava o infinito, pensava em mim, em ti, em nós, em desejos escondidos e destinos achados. Fazia do mar o meu livro e imaginava cada palavra, cada frase. Cada vez que escrevia o teu nome na areia o mar encarregava-se sempre de o apagar. Até o mar já se apercebeu que me sinto sozinha e que preciso de ajuda mas, vocês, amigos, ainda não. Escrevi pela última vez o teu nome e dessa vez o mar não o alcançou e não o fez desaparecer, pode ser que num desses dias maus em que eu me farte de tudo ele o apague e tu saías de mim para sempre.



Acho que estes últimos dias fizeram com que eu crescesse um pouco, saí da rotina e isso fez-me ter mais tempo para pensar. Cada pessoa nasce por alguma razão, ninguém nasce só para encher chouriças. Todos temos um destino, todos estamos destinados a fazer alguém sorrir e por vezes com as nossas inseguranças fazer alguém chorar. Eu nasci, eu tenho de viver, eu tenho de sorrir, eu tenho de amar, eu tenho de gritar que amo e que sou feliz, eu não tenho só que chorar, sofrer, e gritar que já não suporto mais isto. E ninguém, ninguém mesmo é-me superior, porque somos todos, todos iguais.
Estes dias serviram para sentir o meu cabelo baloiçar ao vento, sentir os meus olhos vendo as coisas magnificas que tenho ao meu redor, ver o amor que todos me dão e que eu rejeito, até mesmo ver que muitos amigos cansaram-se de me ver triste e tentar mudar isso, e isso foi o que doeu mais. Estes dias serviram para saber que tenho de deixar de ser a menina e passar a ser quem quero ser e quem olha ao espelho e se sente bem. Agora isso de ser gorda, magra, bonita, feia é cagativo.



« Não me deixarei ir a baixo só porque tu não gostas nem me sentirei superior porque tu me elogias. »